A Queda de Berlim - 1945
A situação na frente oriental não era nada boa para os alemães. Já no fim do ano anterior (1944), os soviéticos já se movimentavam e dominavam a Ucrânia e a Bielorússia dos nazistas. Em janeiro do já último ano do poder de Hitler, Stálin havia reunido seu gigantesco exército de 6,7 milhões de homens para desferir o golpe final no 3º Reich. Em 12 de janeiro, os vermelhos cruzaram o rio Vístula, sob o apoio maciço da artilharia, que em alguns pontos chegava a uma concentração de 300 canhões por quilômetro.
A corrida em direção a Berlim foi rápida. Em 16 de janeiro, Varsóvia foi liberada. Avançando até 70 km por dia, unidades soviéticas alcançaram a fronteira alemã no dia 20. Quatro dias depois, a 3ª Frente Bielorussa chegou ao alcance de tiro de Konigsberg, a capital da Prússia oriental. Na terceira semana de janeiro, a 1ª Frente Ucraniana avançou sobre a Silésia, província alemã. Desesperados, mais de 8,5 milhões de civis alemães fugiram das províncias orientais do Reich entre janeiro e fevereiro de 1945.
Além do rastro de destruição, os soviéticos protagonizaram a maior campanha de estupro coletivo já vista no século 20.
Segundo o historiador Antony Beevor, que escreveu Berlim 1945: a Queda, as vítimas passam de 2 milhões. No início de março, os soviéticos lutavam nas margens do rio Oder. E em 16 de abril, Stálin ordenou a ofensiva final sobre a capital nazista. Para isso, mobilizou 2,5 milhões de homens, 41 600 canhões, 6 250 tanques e 7,5 mil aviões. Começava a batalha pela capital do Reich. Os soviéticos haviam finalmente alcançado “o covil da besta fascista”.
Os últimos soldados do Reich
Os soldados que mais bravamente defenderam Berlim em seus momentos finais eram voluntários estrangeiros. As unidades SS Nordland, formada por escandinavos, e SS Charlemagne, composta por franceses, lutaram até a última bala. Além de ser anticomunistas, os soldados não tinham para onde ir. Se voltassem para casa, terminariam condenados como traidores. Se caíssem em mãos soviéticas, seriam fuzilados.
O sofrimento dos civis
Calcula-se que 95 mil civis tenham perecido durante o cerco a Berlim. Impedidos pelas autoridades nazistas de evacuar a capital, milhões de berlinenses se esconderam em porões, abrigos antiaéreos e estações de metrô. De um lado, sabiam que o Exército Vermelho vinha com sede de vingança. De outro, tinham que escapar dos grupos de werwolfs, milícias nazistas que não hesitavam em enforcar qualquer traidor que levantasse a bandeira branca da rendição.
A tomada do Reichstag
O prédio do Reichstag, o símbolo máximo do poder nazista, era um dos principais alvos dos soviéticos. Stálin queria que a construção fosse tomada até o dia 1º de maio – data do tradicional desfile na praça Vermelha. Ali aconteceu uma das mais desesperadas lutas de todo o cerco de Berlim. A bandeira vermelha – pelo menos na versão soviética – foi hasteada no dia 1º de maio, embora sobreviventes alemães digam que a luta se estendeu até o dia 2.
Resistência alemã
Os soviéticos entraram na capital pelo seguinte eixo: pelo sudeste, seguiram a alameda Frankfurter e, pelo sul, pegaram a alameda Sonnen até a praça Belle Alliance. Também pelo sul, alcançaram a praça Potsdamer e, pelo norte, atingiram o Reichstag. Mas as colunas de tanques soviéticos enfrentaram a fúria dos alemães em tocaia, que resistiram rua a rua, casa a casa.
O Bunker de Hitler
Em 1935 e 1936, a antiga Chancelaria do Reich, localizada na Willhemstrasse, ganhou uma nova ala. Ali, abaixo do solo, foi construído um bunker para abrigar Hitler e seu grupo no caso de bombardeio. Conforme progredia a guerra, em 1943 o ditador – temeroso das potentes bombas aliadas – decidiu construir um segundo bunker, mais sólido e protegido, abaixo do primeiro. Foi ali, no Führerbunker (o bunker do führer), que ele passou seus últimos dias até o suicídio, em 30 de abril de 1945.